Amanheceu e o céu custou a colorir-se. Ela vestiu o azul
forçado para deixar o nublado para lá. Mas o cinza insistiu e foi deixando todo
o dia em tons de cinza. Eis que depois do poente a tempestade se achegou. Foi
tanta água caindo que na grande poça formada, ela encontrou-se. O reflexo do
espelho trazia muitos flashes – raios de memória. Chovia pra aguar aquele
terreno seco que havia se consolidado. Os raios anunciavam o que a seca
causara. Ao se observar sentiu a aridez
bruta instalada naquele terreno vermelho que pulsa no peito. Mas a chuva forte, lavando
os tons de cinza, fazia um barulhinho anunciando o despertar daquelas partículas que
chegavam junto dos raios solares ao chão. "Tem de cultivar a terra, tem de fazer tudo
isso crescer. Não dá pra deixar toda aquela terra boa perder-se não". Era alguma voz a sussurrar em seu ouvido. Finda
tempestade, a poça desmanchou-se para encontrar os lençóis freáticos. Ela, a
este exemplo, fim de dia, busca também teus lençóis do sono profundo,e já então volta a cultivar-se.
Toda tempestade, apesar de assustadora, é bênção de terreno árido.
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