sábado, 26 de março de 2016

Dia de nuvem no céu

Amanheceu e o céu custou a colorir-se. Ela vestiu o azul forçado para deixar o nublado para lá. Mas o cinza insistiu e foi deixando todo o dia em tons de cinza. Eis que depois do poente a tempestade se achegou. Foi tanta água caindo que na grande poça formada, ela encontrou-se. O reflexo do espelho trazia muitos flashes – raios de memória. Chovia pra aguar aquele terreno seco que havia se consolidado. Os raios anunciavam o que a seca causara.  Ao se observar sentiu a aridez bruta instalada naquele terreno vermelho que pulsa  no peito. Mas a chuva forte, lavando os tons de cinza, fazia um barulhinho anunciando o despertar daquelas partículas que chegavam junto dos raios solares ao chão. "Tem de cultivar a terra, tem de fazer tudo isso crescer. Não dá pra deixar toda aquela terra boa perder-se não". Era alguma voz a sussurrar em seu ouvido. Finda tempestade, a poça desmanchou-se para encontrar os lençóis freáticos. Ela, a este exemplo, fim de dia, busca também teus lençóis do sono profundo,e já então volta a cultivar-se.
Toda tempestade, apesar de assustadora, é bênção de terreno árido.
https://www.youtube.com/watch?v=wMXVw2yOL2E&list=PLnQ4cjcODHBApxqGocZFtBU4jrcJC5XJP