Queria saber se existem pessoas as quais a vida não se compara
a uma montanha russa. Será que é esse meu espírito aventureiro que me coloca
nesta constante sensação? E assim se faz: sobe, sobe, sobe. A expectativa
aumenta, a adrenalina e o prazer do que está por vir, a alegria eufórica da
aventura posta. Lá no pico, o medo. A instabilidade. E pronto: toda aquele
looooooooooongo trajeto (no qual até o Tempo Rei passa a ser súdito e perde tua
efetiva realidade) de repente cai. Desce, desce, desce. O coração dispara. Salta.
Quase que saltamos nós, mas eis a sorte e o prazer da montanha-russa: não
podemos saltar. Todo nossa radicalidade se maquila na segurança que nos trava.
Essa
segurança que nos trava! É disso que fazemos nossa vida a montanha-russa.
Porque algo sempre nos circunda e nos faz tentar quantificar as possibilidades
de sucesso e de erro. Não consigo fazer nada pelo fel prazer de se viver. É que
a engrenagem da minha montanha russa é a mesma que a que move a sociedade.
Ainda não consegui inventar um maquinário próprio, diferente. Só consegui ousar
a lubrificar minha engrenagem com outros lubrificantes que não os usados normalmente
– aliás, se quer são apresentados. Conheci dessas pessoas que ousaram a inventar
lubrificantes e tornaram a engrenagem outra: a vida tem andado mais suave, é um
outro deslizar. Destes que me apresentaram outras possibilidades de hidratar o
sistema, pude reconhecer outras maneiras de sentir essa cotidiana aventura.
Enquanto
não consigo produzir esse tal lubrificante que me permita experimentar integralmente
as satisfações e sensações cotidianas, preciso é me dedicar. Cuidar da respiração:
nossa capacidade de observação, compreensão e criação é proporcional à nossa
capacidade de mantermos nossa respiração constante, tranquila.
É que da
experiência da subida, da descida, ou ainda do topo e também do sopé, sempre
falam das observações externas: raras vezes nos falam do que acontece dentro.
Não se menciona a respiração, nem sequer o coração. Até que ele repentinamente
pare, a respiração acabe. Por isso que eu quero fazer minha engrenagem
funcionar diferente. Não é que não gosto de minhas aventuras, das subidas e
descidas. Só quero cuidá-la a partir do que acontece dentro. Evitar estes
desgastes.
Se é que a
vida é mesmo essa tal montanha-russa…