sábado, 8 de agosto de 2015

Do que fazemos com nossa aventura

            Queria saber se existem pessoas as quais a vida não se compara a uma montanha russa. Será que é esse meu espírito aventureiro que me coloca nesta constante sensação? E assim se faz: sobe, sobe, sobe. A expectativa aumenta, a adrenalina e o prazer do que está por vir, a alegria eufórica da aventura posta. Lá no pico, o medo. A instabilidade. E pronto: toda aquele looooooooooongo trajeto (no qual até o Tempo Rei passa a ser súdito e perde tua efetiva realidade) de repente cai. Desce, desce, desce. O coração dispara. Salta. Quase que saltamos nós, mas eis a sorte e o prazer da montanha-russa: não podemos saltar. Todo nossa radicalidade se maquila na segurança que nos trava.
            Essa segurança que nos trava! É disso que fazemos nossa vida a montanha-russa. Porque algo sempre nos circunda e nos faz tentar quantificar as possibilidades de sucesso e de erro. Não consigo fazer nada pelo fel prazer de se viver. É que a engrenagem da minha montanha russa é a mesma que a que move a sociedade. Ainda não consegui inventar um maquinário próprio, diferente. Só consegui ousar a lubrificar minha engrenagem com outros lubrificantes que não os usados normalmente – aliás, se quer são apresentados. Conheci dessas pessoas que ousaram a inventar lubrificantes e tornaram a engrenagem outra: a vida tem andado mais suave, é um outro deslizar. Destes que me apresentaram outras possibilidades de hidratar o sistema, pude reconhecer outras maneiras de sentir essa cotidiana aventura.
            Enquanto não consigo produzir esse tal lubrificante que me permita experimentar integralmente as satisfações e sensações cotidianas, preciso é me dedicar. Cuidar da respiração: nossa capacidade de observação, compreensão e criação é proporcional à nossa capacidade de mantermos nossa respiração constante, tranquila.
            É que da experiência da subida, da descida, ou ainda do topo e também do sopé, sempre falam das observações externas: raras vezes nos falam do que acontece dentro. Não se menciona a respiração, nem sequer o coração. Até que ele repentinamente pare, a respiração acabe. Por isso que eu quero fazer minha engrenagem funcionar diferente. Não é que não gosto de minhas aventuras, das subidas e descidas. Só quero cuidá-la a partir do que acontece dentro. Evitar estes desgastes.

            Se é que a vida é mesmo essa tal montanha-russa… 

sábado, 16 de maio de 2015

Da preferência matinal, compreendi.

         Hoje, ao acordar, ouvi o silêncio da aurora sendo encantado pelo piar dos pássaros. E nem meia horinha depois, o céu recebendo aquele círculo de cor quente ainda pastel, que ainda dava pra se admirar sem ter de apertar os olhos. Resolvi então lavar a roupa, e ainda acompanhada só da melodia passarinhal eu me peguei escolhendo qual roupa deveria pendurar lado a lado, tentando deixar o varal mais colorido possível (e não é que toda vez que lavo roupa um arco-íris aparece eu meu varal? Só eu que gosto de combinar as cores? Adoro lavar roupas aspirando este momento…). Logo foram aparecendo outros timbres na melodia, uma voz aqui, um latido ali… Hoje eu tava para prestar atenção nessas pequenezas que nos fazem sentir feliz e nem sabemos o que é… que de tão efêmero, se não prestamos atenção, logo se perde, se vai…
         Aproveitei a sintonia e fui cuidar das plantas. Procurar pelas ferramentas que saíram trabalhar em outras hortas e não voltaram, pegar a palha seca pra colocar na compostagem. A outra leira  já tinha baixado e resolvi peneirar, o adubo pretinho que só, cheio de baratinhas minhoquinhas e outras pequenininhas que vivem lá. A lua minguante, quase nova, sugere-nos podar as verdinhas. Aproveitei que peneirei a terra, e refiz todos os vasos. Todas bonitinhas, felizes por esse adubo fresquinho. Também descobri que a zedoária se enroscou toda na araruta, e por isso que tava aquela miscigenação toda das folhas! Que lindeza o bege-azul dessa tal de zedoária, viu! E o cheiro que mistura cânfora e alecrim, ai, que prazeroso é despertar nossos sentidos!
         Tanta coisa gostosa e nem meio dia era. Em meio dia fiz tanta coisa e com tal esmero que nem podia acreditar. É a gema sempre latente do auto cultivo. E aí que fui me apercebendo de meus prazeres e gozos. E me perguntei: quais será os prazeres das pessoas que não cultivam plantas, ou não se atentam nas cores das roupas do varal, ou mesmo que ficam matutando em quais ervinhas dariam um chá de deliciar o paladar e esquentar o coração? Pensei ainda se existia felicidade onde não tem lápis de cor, giz de cera, poesia ou melodia.
         De tanto observar, trabalhar e pensar o Sol começava a sua despedida, e fui tratando de podar o arbusto, rearranjar os vasos, varrer a área, ajudar a pombinha machucada, guardar as ferramentas, guardar o arco-íris no guarda-roupas e, nossa, o que mais? Meu coração regozija-se com tantas suti(be)lezas!

         E foi agora pouco, tomando banho, que compreendi a minha inerente disposição para acordar sempre tão cedinho, meu contentamento por conseguir escolher dormir cedo a sair pela madrugada… Se opto pela madrugada à alvorada, poderia eu trazer o arco-íris ao meu varal? Trabalhar com a terra, mexer na horta, manusear as ferramentas? Poderia eu me atentar nas flores, na intensidade dos tons, ler um livro sentada em qualquer lugar sem me preocupar com a eletricidade?  Jamais desmerecendo o brilho das estrelas, a sensualidade da Lua, nem o chamado das corujas! Mas me assumindo enquanto mulher do Sol, e amante da Lua!

quarta-feira, 25 de março de 2015

Minha melodia

Tão completa quanto posso
dia-a-dia ser maior.
SOL maior. Nunca dó. 

De todas as notas que existem
As que me deram sentido
Sustenido são
E mesmo quando dó, lá menor, 
Me fiz sempre crescente
Reflito, atenta
E de meus pensamentos
ouço a melodia. 
O reflexo, vibrante
Ressoa uma delicada harmonia
Dos altos e baixos,
Dos tons e semitons, 
Não quero notas dadas
Quero sensações, sorrisos
Que me façam canção. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Para não perder. Texticulos.

Trans-bordo cores
Trans-passo 
amores

Arco-íris!

~

É ser assim
essência, 
na terra,
minha ciência
da insenescência
da consicência
e do Sol, e de Gaia,
toda a força, justiça
sapiência
paciência


~
Andante e curiosa.
Que será que o o futuro lhe reserva?
O rio que nos levava bifurcou...
Minha canoa segue caminhos incríveis
inimagináveis
Sorrio, porque gosto do novo.
Mas de novo, transbordam in-certezas
Levo comigo vasos
Nas raízes, boas lembranças
Meu caule enxertado
As flores hoje tem origens diferentes
Seu cheiro e seu efeito,
Amansa, descansa...
Canoa, canoa
Tempo de tempestade é de(s)esperar!
Me leva, enfim, para o mar porque lá
Janaina é o que há
nessa menina imensidão.


~
No descanso e no descaso, no nadismo
Observando, imaginando, sonhando
Eis que chegam milhares de informações
goticulas fotons ares

Saberes
Iluminaaaaaaaares

Recebo-te ó universo, em mim!

~

é tanta mistura que misturo tudo e encontro,
dos pretéritos e dos futuros
presente recomeço...

detalhes.


~
Meu maracatú faz minha trilha, meu amor faz meu andar.
O trabalho, que grandeza, o trans-pirAr


~
de tanto colorido,
perdeu a cor e tom
resta-me o pedido de luz


~
Do cíclico e do círculo viemos, a mandala nos faz.
Do átomo, da célula, das órbitas...
Toda criação tem uma reação, e toda reação atinge uma criatura
Nas idas e vindas dos fios, nossas próprias re'inflexões tecidas...
Olho pra ti, pra olhar por mim
Olho Divino

~

Mãorrom

Pérrom

Da Terra eu vim, na Terra eu sou, pra Terra eu vou

Ria da minha vida, que eu certamente rio da sua!


~

Que eu seja considerada criança pro resto da vida, enquanto considerarem que pra ser Mulher, temos que abdicar de nossa criatividade, nossa ousadia, nossa imaginação. Que eu seja considerada sonhadora enquanto não me provarem que não vale a pena viver e lutar pela arte, pela educação. Que seja dado o rótulo que for, enquanto não compreenderem que, para algumas coisas, não adianta padronizações ou classificação... é preciso sentir.

Que minha intensidade, que meu amor, que minha arte eduque, aqueça, acolha, ame, perdoe. Quero cores quentes e intensas e suas complementares suaves dando o equilíbrio, até o fim de minha vida!